Cadê Meu Chão ?

“Se não dá pra voltar as coisas como eram antes, com certeza dá pra curtir as coisas como serão depois”

Socorrooooo!

Quero meu chão de volta!

Puxaram meu tapete. Apagaram a luz. Amordaçaram minha goela. Jogaram-me ladeira abaixo. Pregaram uma peça em mim. Ainda acho, e ninguém me provou o contrário, que tem gente escondida em algum lugar rindo às minhas custas por aí.

Eu não sei você, mas já percebeu como algumas coisas mudam de repente quando LUTO bate às portas? Hoje, quando entro em casa, Os móveis por toda a parte parecem anunciar a iminência de uma ausência presente. Esta ameaça nuclear interna vai desde poltrona confortável, a uma folha de papel rabiscada, ou ainda aquela rádio despesado que insiste em tocar num barulho ensurdecedoramente suave, perturbando o silencio dos vivos e fazendo lembrar sim NOSSA MÙSICA

Ora, tragam meu chão de volta!

E com ele todas as outras coisas que também sumiram. Por exemplo,bronca por comer porcaria, tomadas disponíveis, bolsas intactas, gavetas fechadas, chaves desnecessárias, as conversas confidenciais, os risos por nada, as histórias ilárias das  diversas pagações de mico, as caronas cantantes, a preocupação por nada e por TUDO, aquele terno sorriso, os atrasos, os pedidos de ajuda, revistas  desamassadas, sapatos no lugar e, por incrível que pareça as reclamações, as Inulmeras chamadas ou mesmo os simples sms.

Não adianta, viver é presenciar o tabuleiro da vida virando de vez – e com as peças em cima. Não tem Escola de Treinamento Básico no mundo que nos ensine a prever tamanho transtorno da vida LUTO. Uma desorganização assustadora se instala e ficamos perdidos feitos peixes-beta velhos em aquário novo. 

Outro dia procurava um par de coisas e me deparei com a realidade chocante: tornei-me minoria absoluta no reino das memórias perdidas e encontradas. Perdi meu palácio. Tenho que entrar na fila concorrendo segurando firme as lágrimas e aquele nó na gargante que insiste em aparecer na busca por detalhes que diminuam a falta que sinto aqui dentro do peito Até, finalmente, minha saudade sumir lentamente  lendo a ultima mensagem trocada, ouvindo o ultimo conselho ou lembrando do ultimo pedido,  ultimo olhar, até mesmo  aquele abraço. Bom, ao menos como boba da corte ainda estou junto à realeza. São coisas que valem a vida.

Por isso aprendi admirar esta raça silenciosa de fina estirpe:Os vivo Não podemos reclamar – afinal, não tem gente no universo que tira isso de letra pra são heróis e heroínas como se explica convivencia com ausencia e as memorias que insistem em nos trair pregando peça dia a dia? Nem o direito de exigir muito – ou melhor, exigir nada – pois palavras infinitas,abraços explosivos, choros inexplicáveis e rotinas inacabáveis, tudo isso pertence ao currículo… delas. Resta para nós o irônico posto de guardiões da Terra do Nunca – Posso mandar em meio mundo lá fora, mas aqui dentro sou refém voluntário do seqüestro diário da minha memória. Mandar o quê? Em quem? O negócio é entrar na dança, sair do ringue e quebrar paradigmas. 

Mas, apesar disso, aqui vai um sincero apelo: se não dá pra voltar as coisas como eram antes, com certeza dá pra curtir as coisas como serão depois. Acho que toda esta saga épica do LUTO se adaptando às pressas a uma nova dimensão da vida, nada mais é do que uma tremenda oportunidade de provarmos que somos capazes de surpreender. E isso não é uma convocação dos sonhadores utópicos  mas dos bem-intencionados otimistas. Cada vez que aproveitamos as rotinas quebradas para nos reinventar à altura de nossa força, concretizamos em ações um sentimento que nem sempre somos profissionais em expressar.Ainda continuo sem meu chão, mas descobri que Deus me deu a chance de ver coisas novas com meus olhos velhos. Tenho aprendido que sentir falta revelam afeto de sobra. Não podia imaginar que existia outro universo tão imenso de experiências novas ao meu alcance. Diariamente tomo posse de meu telescópio de aprendiz para explorar novas experiências. Entre nebulosas multicoloridas e buracos negros assustadores, existe o privilégio único exigido de nossa existência ao extremo. Afinal, viver também é abrir mão dos próprios interesses egocêntricos para compartilhar um amor indescritível com um ser humano indecifrável. É um sucesso em particular renunciado por um sucesso em parceria. E no final do balanço, quando crédito contrapõe o débito, a fortuna emocional beira o incalculável.

Da próxima vez que você sentir uma intromissão na sua zona de conforto, deixe a blindagem mais vulnerável e aproveite os momentos imprevisíveis na jornada dos relacionamentos. As memórias de Minha doce amiga (Clarice) e de Minha Alegre Vozinha ( Esmerita )  tem um espelho diante de mim revelando um precipício sob meus pés. Tenho visto refletido no olhar ingênuo a obsessão de meus interesses voltados para meu umbigo. Também reconheço que a busca insaciável de poder neste século frenético nos distrai do abismo solitário que pode nos tragar a qualquer momento. Quando reflito sobre o imenso mundo aos olhos delas pasmo para reconhecer a pequenez deste outro mundo aos nossos olhos. Não dá para ser feliz e possessivo ao mesmo tempo. Nem é possível encontrar paz de espírito fazendo guerra para preservar meu pedaço. Nós,  temos que desativar as defesas bélicas anti-imprevistos e nos arriscar mais no terreno da adaptação criativa. A Ausência ( LUTO ) nos obriga constantemente repensar tradições rígidas e amolecer hábitos cativos. Mais vale uma boa risada disparando endorfina do que a fúria emburrada cobrando adrenalina.

Creio que o Pai do Céu sabe exatamente tudo o que passam por aqui na Terra. Aquilo que transforma o dia-dia também transforma o coração. E minhas lembranças, tem sido este presente inquieto de Deus capaz de tirar meu chapéu de formatura e me matricular novamente na escola da vida. Como “novo aprendiz mais velho” sinto na alma uma plenitude pura que até então nem sabia que se podia experimentar. 

Tudo bem, sendo assim, até deixo bagunçar o meu chão…



Guardo na memória o exemplo de pessoas que fizeram do altíssimo a sua morada, que me transmitiram valores e ensinamentos que nãos os posso desprezar, guardo com carinho cada gesto, cada pedido, cada exemplo, cada conselho, cada centelha de Esperança ensinada e transmitida a cada instantes com cada uma de vc´s.  Coisas essas q poucas pessoas mensuram, mas lindas o suficiente pra dizer Amo cada uma de vocês. Com vovó ( Em memória desde 06/08/2012) sempre estive  minha mãe presente, o cuidado quando eu saia pra brincar na rua, as broncas quando tomava banho de mangueira no quintal, os beliscões quando brigava com a irmã mais nova, as orações  ( e eram 3 vezes ao dia - legado espiritual insubstituível , as músicas lembro bem a favorita Oh! dia feliz - , os cultos familiares que doce lembrança foi aqui que aprendi ser de Deus e viver para Deus, as receitinhas culinárias os bolos de cenouras, os kitutes vegetarianos haha fui crescendo e seu amor por mim também parecia que quanto mais rápido eu queria sair e voar do aconchego do lar mais vc queria me ter por perto e eu achando que teria vc para sempre!! Obrigada Vovó hj sou quem sou porque vc existiu em Minha vida!!  Clarinha (Em memória desde 13/08/2012) - nos conhecemos de uma maneira tão diferente um convite, e lá estava eu conhecendo o trabalho dela aquilo que ela amava fazer - daquele dia em diante foram muitas as conversas tímidas até que ouvi a seguinte frase -  Morg. ( Era assim q vc me chamava ) Aquilo que nos uni é maior que aquilo que nos separa!! Pronto um abraço e já estava selada uma amizade que eu não tinha noção das proporções tomaria ( dê tudo mais não dê liberdade kk ) Sempre sorridente, Carona indo e voltando, Juntas cantamos, almoçamos e que delicia de almoço mais pela companhia q pelo Menu conversamos e quantas conversas  foram tantas cabelo, unha, sobre trabalho, futuro, relacionamentos, Deus, oração, mas teve uma que foi a mais linda quando pela primeira vez vi seus olhos com lágrimas - na verdade eu não sabia o que falar apenas segurei sua mão. Lembre-me de um versinho "lançai sobre as vossas ansiedades  pq ele tem cuidado de vós" pronto mais algumas lágrimas um longo abraço nos despedimos.   Depois desse dia Orávamos juntas,  nos falávamos quase todos os dias palavras q não eram apenas palavras - quantas Lembranças pra que parece um ser tempo tão curto. Pra mim parte importante da minha vida... Obrigada Por cada conselho, por insistir, por brigar e até mesmo por reclamar hoje sou alguém melhor!! Q fica da nossa amizade Nem Tudo que acaba tem um final ( rimos tantas vezes dessa frase poética de uma música qualquer / todas as vezes q ligávamos o som do carro numa proporção de 7:1 essa música estava tocando - Haaa frases filosóficas q eu prometi usar no meu TCC.  Hjj ela começa a fazer algum sentido pra mim!  irônico)


Saudades - Saudades e mais Saudades  vc´s Foram meu chão - Mas me ensinaram O destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria história, constrói seus próprios caminhos.
Afinal  Mudança = Oportunidade

Att.   Morganinha Manoela